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Cacau orgânico, um exemplo para o futuro da Bahia

Cacau orgânico, um exemplo para o futuro da Bahia

É de Ilhéus, sul da Bahia, que vem a melhor matéria prima para fazer o chocolate. A região chegou a ser considerada a capital mundial do cacau e exportou mais de US$ 1 bilhão em sacas, mas teve que enfrentar uma praga chamada “vassoura de bruxa”, provocada pelo fungo  Moniliophtora perniciosa que ataca o cacaueiro, principalmente frutos, brotos e flores, ocasionando queda acentuada na produção, provocando o desenvolvimento anormal, seguido de morte das partes infectadas. Com a praga ao invés de exportar passamos a importar, o tempo passou e segundo a Organização Internacional de Cacau hoje o Brasil é o 6º maior produtor de cacau do mundo com mais ou menos 26 mil toneladas por ano e se depender dos produtores e dos agricultores do Sul da Bahia esse número irá crescer cada vez mais. A cidade de Ilhéus é chamada Costa do Cacau e ele é o “ouro da Bahia”. O fungo ainda existe por lá e é capaz de secar todos os galhos e folhas atingindo o fruto em 15 a 20 dias, o que na época do auge da praga acabou não só com o cacau, mas com o sonho de muita gente desempregando mais de 200 mil pessoas e muitas fazendas foram abandonadas.

Enquanto alguns partiram, outros chegaram, o produtor Gerson Marques viu na crise uma oportunidade de mudar de vida, vieram da metrópole e compraram a Fazenda Irerê, hoje plantam cacau e produzem o próprio chocolate. Para fabricar o chocolate ele precisava continuar plantando o cacau e a maneira que encontrou para enfrentar a “vassoura de bruxa” foi aplicar novas tecnologias, ele e outros produtores contaram com a ajuda de um técnico do Órgão do Ministério da Agricultura que atua contra a doença no cacaueiro e mostrou como era possível fazer um cacaueiro de plantas idênticas e mais resistentes a praga sem precisar aplicar produtos tóxicos nas plantas doentes, o nome dessa técnica era clonagem por enxertia que consiste em selecionar as plantas originais e susceptíveis a praga, fazer cortes em locais específicos nesta planta doente e colocar parte de outro cacaueiro resistente a praga. A partir desta enxertia a árvore crescerá normalmente e saudável. Essa técnica recuperou e colocou Ilhéus novamente como uma das grandes produtoras de cacau.
Além do mais a plantação do cacaueiro para crescer precisa da sombra de outras árvores da Mata Atlântica, então crescem em torno de jequitibás, cajazeiras, pequizeiros e outras plantas. Essa forma de plantar é tradicional nessa região e é chamada “cabruca”, o que fez do cacau ser considerado o “Preservador” da mata, onde preserva-se as águas, as nascentes e plantas com mais de 500 anos de idade e todo esse sistema está atraindo turistas, trazendo aumento no rendimento para os produtores de cacau.
Todo esse novo conceito trouxe uma característica diferenciada para o cacau do Brasil: “o chocolate saudável”, que é o chocolate do futuro com o objetivo de cuidar da saúde e do meio ambiente por ser obtido através de um manejo sustentável. Esse alimento delicioso e orgânico mostra que é possível plantar sem precisar causar desequilíbrio no Planeta.